Hermanas de Nuestra Señora de la Consolación

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20 Junio 2016

Ir. Maria Helena Codignole - Brasil

Oi gente, sou  Ir. Maria Helena Codignole, natural de Machado, que fica no Sul de Minas Gerais- Brasil. Hoje me encontro em Ceilândia-DF e trabalho na educação – Centro Educacional Santa Maria Rosa Molas (Colégio CEMAR).

“No dia seguinte João estava outra vez ali, e dois dos seus discípulos; E, vendo passar a Jesus, disse: Eis aqui o Cordeiro de Deus. E os dois discípulos ouviram-no dizer isto, e seguiram a Jesus. E Jesus, voltando-se e vendo que eles o seguiam, disse-lhes: Que buscais? E eles disseram: Rabi (que, traduzido, quer dizer Mestre), onde moras? Ele lhes disse: Vinde, e vede. Foram, e viram onde morava, e permaneceram com ele aquele dia. Era a hora décima, aproximadamente.” 

Evangelho de João: 1,35-39

 Quando existe um verdadeiro encontro com Jesus, certamente que ainda que passe tantos anos, somos capazes de recordar a hora, o momento, as circunstâncias  e a emoção que ocorreram durante esse encontro. Portanto, falar da minha vocação é falar de uma aventura desafiadora, mas que a graça sobrenatural sobrepõe às dificuldades e, afinal, aqui estou: há 50 anos  deixei a casa paterna, família, amizades e tudo aquilo que o mundo coloca à  disposição.

Afirmo, com convicção, que fui privilegiada pelo Senhor desde minha tenra idade. Ainda, quando muito pequena, sentia algo diferente: buscava entender a “História Sagrada”, o livro que estava ao meu alcance na época. Interrogava a minha mãe sobre assuntos que não entendia. A minha pergunta era sempre: “E depois da morte o que acontece?” O “depois”, o pensar no “Céu” me faziam refletir muito dentro da minha simplicidade e até ignorância de uma criança.

Um fato marcante em minha história foi presenciar minha mãe em um hospital com um de meus irmãos, com apenas sete anos, desenganado pelos médicos. Ver seu sofrimento e ao mesmo tempo ver com meus próprios olhos as Irmãs enfermeiras,  com o cuidado, o carinho e a atenção para com uma mãe aflita que perdia seu filho foi ímpar...esta imagem das Irmãs ficou gravada no meu interior, no meu coração .

Assim, aos meus 13 anos já tinha claro que queria seguir o Senhor, não me importava Congregação, aliás, nem tínhamos acesso ao conhecimento dos diferentes tipos de carismas. Ao completar 14 anos fui, conversar com o Padre da minha Paróquia para pedir-lhe ajuda e dizer-lhe qual era o meu desejo naquele momento. A sua resposta foi: “Você tem que crescer  e depois pensar nisto”. Não me contentei com sua resposta: e voltei mais de uma vez e ele me dizia sempre o mesmo. Havia outras jovens que também queriam seguir a Jesus, as convidei para conversarmos juntamente com o Padre, pensando que ele daria mais atenção se  fôssemos mais de uma...Ele, então,conversou conosco sobre a Congregação das Irmãs da Consolação, que estava na cidade vizinha de Areado/MG. Ele seguidamente entrou em contato com as Irmãs e elas, por sua vez, começaram a visitar minha cidade e a falar com as jovens que queriam seguir a Jesus na Vida Religiosa.

Começou então o desafio: meu pai não aceitou minha decisão e começou a perseguição: proibiu a ida à missa e a participar da Igreja...mesmo assim, permaneci persistente e contra sua vontade eu saía de casa na sua frente e ia à missa. Chegou a um momento que, por participar de uma missa festiva na paróquia e não dormir em casa naquela noite, ele ter me proibido o recado que recebi por meus irmãos menores: se eu voltasse para casa, meu pai me mataria. Sei que foi forte e que certamente ele não faria isto, mas mesmo assim fiquei uma semana sem voltar para casa. No domingo seguinte, levantei-me muito cedo, fui à igreja, confessei-me, participei da missa e voltei para casa, com medo sim, mas preparada se de fato fosse minha hora do encontro com o Senhor no céu. Cheguei em casa e, como de costume, tomei a bênção de meus pais e qual foi minha surpresa que nunca se comentou aquele gesto de meu pai, houve silêncio da parte dele e também da minha parte.

O tempo passou e a perseguição continuava. Porém, chegou o dia de partir para “o convento”, assim chamado na época pelos que pouco entendiam. Nesse dia, nem o choro, nem o desespero de meus pais e de meus irmãos me impediram.  Em mim só havia certeza da convicção, da segurança e da decisão fundamentadas em Cristo.

Diante do panorama desolador na hora da minha saída, o padre me disse que seria bom ficar e esperar que meu pai se acalmasse para depois eu ir. Então eu lhe respondi: “Não! Tenho que ir, pois hoje é o meu dia”. Entrei no carro e fiquei observando tudo e sentia uma fortaleza inexplicável. Tinha então 15 anos e três meses.

            As palavras por parte do meu pai não eram boas: “que eu não voltasse nunca mais para casa”, “que eles também não iriam me visitar”, “que minha mãe chorava todos os dias” e assim por diante. Ao contrário, minhas cartas eram positivas, pois eu estava feliz e seguia minha vida de busca e discernimento de minha vocação. Minha mãe foi sempre a pessoa que apesar da dor e do sofrimento da separação me apoiou sempre, mesmo no silêncio.

Com o passar dos tempos, meu pai se converteu e começou a aceitar minha vocação. No entanto, muitas vezes me convidou a voltar para casa e deixar a vida religiosa. Faleceu feliz por minha opção de vida.

Para finalizar o meu testemunho digo o seguinte: Quando Deus chama e a pessoa percebe este chamado e quer ser fiel ao projeto de Deus, mesmo com todas as dificuldades é capaz de agarrar a causa com entusiasmo, com alegria e generosidade. Posso dizer com muita gratidão que nunca duvidei da minha vocação, e isto é graça de Deus. Tive dificuldades, e tenho muitas ainda hoje, mas nunca me passou pela cabeça que mudando de rumo e direção seria mais feliz do que sou, ao pensar que Deus me concedeu por intermédio de Santa Maria Rosa Molas o dom do Carisma: Ser a presença da Misericórdia e da consolação de Deus para os mais pobres, para os que dela necessitam me enche de alegria e me brota do coração o agradecimento a Deus com o salmo: “Como poderei retribuir ao Senhor por tudo o que ele me tem dado? Erguerei o cálice da salvação invocando o nome do Senhor.” (Salmo 115)

Ir. Maria Helena Codignole

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